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Barreiras: urbanização numa encruzilhada do sertão |
João Testi Neto |
2020-04-13 |
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styles/associacao-brasileira-de-normas-tecnicas.csl |
pibic21-barreiras.bib |
Este plano de trabalho versa sobre a memória do desenvolvimento urbano da cidade de Barreiras, no estado da Bahia. A pesquisa tem por objetivo geral a reconstituição do processo de urbanização do centro urbano até meados do século XX, por meio da análise morfológica do seu traçado viário e parcelamento, de iconografia histórica existente --- mapas cadastrais e fotografias antigas --- e de documentação escrita. Para tanto, desdobra-se nos seguintes objetivos específicos:
- Recapitular a história da formação territorial luso-brasileira na antiga estrada real da Bahia, que ligava as regiões pecuaristas do rio São Francisco às minas de ouro de Goiás e Mato Grosso;
- Coligir a documentação iconográfica, cartográfica e escrita existente sobre a formação do núcleo urbano de Barreiras, com base no material já levantado pela bibliografia historiográfica existente;
- Propor uma síntese cartográfica e iconográfica preliminar, apta a reconstituir as etapas de crescimento e consolidação do centro histórico.
A presença portuguesa nos "sertões" do rio São Francisco, desde ao menos o século XVII, e a abertura da estrada real da Bahia para abastecimento das regiões mineradoras, em meados do século XVIII, contrastam com a urbanização tardia do sítio de Barreiras, datável da segunda metade do século XIX. Essa ocupação corresponde ao desenvolvimento da navegação fluvial no segundo reinado e ao incremento do comércio interno, principalmente baseado na pecuária, entre o leste de Goiás, a Bahia e São Paulo.
Por isso, Barreiras é representativa de um período pouco estudado da história urbana brasileira, aquele compreendido entre o final do ciclo dos arraiais mineradores e os modernos projetos de novas capitais e reformas urbanas cujos pontos altos são Belo Horizonte e a avenida Rio Branco, no Rio de Janeiro. Os processos de urbanização de meados do século XIX são, porém, um dos fatores determinantes na formação da malha territorial do interior do Brasil e na configuração das cidades pequenas e médias, merecendo uma maior diversidade de estudos de caso. Este plano de trabalho se propõe, então, a realizar um levantamento pontual capaz de lançar maior luz sobre um dos casos de urbanização oitocentista no interior do Brasil.
O produto desta iniciação científica oferecerá, portanto, uma melhor compreensão dos fenômenos urbanísticos no interior continental do Brasil ao longo do século XIX. Tais fenômenos apontam para processos de transformação e modernização econômica e territorial cujos contornos na historiografia atual são ainda pouco nítidos. Reunir um certo número de estudos como este permitirá observar as dinâmicas de consolidação urbana em eixos comerciais menores, assim como a difusão de convenções urbanísticas tradicionais e modernas em comunidades dotadas de menores recursos econômicos e tecnológicos durante o Império tardio.
As competências necessárias para executar este plano de trabalho consistem, essencialmente, da capacidade de comparar a cartografia existente com outras fontes iconográficas e documentais, identificando a descrição e representação de lugares na cidade de Barreiras. Esta identificação deve, a seguir, ser traduzida para novas representações cartográficas, valendo-se de ferramentas conceituais e digitais correntes na formação em Arquitetura e Urbanismo, destacando-se os Sistemas de Informação Geográficas. Tem importância capital no desenvolvimento deste plano, portanto, a familiaridade com o centro urbano de Barreiras, complementada por uma diligente disposição para coletar documentos arquivísticos em lugares conhecidos --- junto a pesquisadores da cidade e nos arquivos públicos Nacional e do Estado.
A pesquisa será dividida em três partes:
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Coleta, sistematização e padronização de informações acerca do desenvolvimento urbano e arquitetônico de Barreiras e da antiga estrada real da Bahia para poder entender como ela influenciou na economia do oeste baiano e, consequentemente, no processo de urbanização, através de pesquisas nos acervos públicos da cidade e entrevistas com pesquisadores da região do oeste baiano.
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Analise das informações espaciais e relações econômicas de acordo com as entrevistas e materiais iconográficos e escritos resgatados.
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Catalogação dos objetos iconográficos e documentais para os estudos comparativos da rede urbana e arquitetônica, com o objetivo de entender o processo de formação e consolidação do centro histórico de barreiras, por meio de pranchas e gráficos comparativos.
O enfoque desse trabalho é estudar a caminhada econômica no interior da Bahia no século XVII até o XVIII para entender como sucede o processo de urbanização da região de Barreiras desde o século XIX até os dias atuais. Compreendendo dessa forma, como as atividades econômicas no meio rodoviário e fluvial influenciaram na urbanização tardia do oeste baiano.
Os recursos materiais serão fotografias antigas da região de Barreiras na Bahia, o acervo do Museu Municipal de Barreiras e o acervo pessoal da pesquisadora Ignez Pitta de Almeida para a coleta de dados e informações a respeito do objetivo proposto.
Uma câmera DSLR será utilizada para a produção iconográfica atual, para dessa forma, ser comparada com as produções antigas. Software para os cadastramentos urbanos e arquitetônicos (AutoCad), também serão aplicados para mapeamento das casas e territórios urbanos.
Softwares para manipulação de imagem e design (Adobe Photoshop, Lightroom, InDesign e Illustrator), juntamente com o acervo de imagens do Google Maps para a criação dos gráficos e pranchas a serem desenvolvidas durante a pesquisa.
Além disso, os recursos de infraestrutura disponíveis e necessários para a realização da pesquisa são o ateliê do autor da pesquisa (João Testi), a biblioteca Folk Rocha localizada em Barreiras, a Biblioteca Central da UnB e a FAU-UnB com seu Laboratório de Informática para Arquitetura e Urbanismo (LIAU). Mas caso ainda estejam suspensas as atividades presenciais, o trabalho pode ser realizado remotamente, com as entrevistas e busca de dados online.
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João Testi é estudante do segundo semestre de Arquitetura e Urbanismo na Universidade de Brasília – UnB. Antes disso fez dois semestre de Arquitetura e Urbanismo no Instituto Federal da Bahia (IFBA) e três semestres de Artes Visuais na UnB. Já estagiou no escritório Mude de arquitetura e design como designer e também trabalha há quatro anos como fotógrafo.
Dessa forma, tem experiência nas áreas de fotografia, design, ilustração e artes visuais. Ênfase em edição de vídeo e imagem, produção de slogans, cartazes, identidade visual, colagens, ilustração com foto, vídeo arte, bordado e fotografia. Suas linhas de foto são fotografia de arquitetura, urbanismo, moda, performance, eventos e de produções artísticas.
Dentro da Arquitetura e Urbanismo, se interessa pela pesquisa teórica e iconográfica da produção histórica arquitetônica e urbanística brasileira, além da sua própria criação fotográfica na área. Fez as disciplinas de Teoria e História da Arquitetura e Urbanismo e Informática Aplicada à Arquitetura e Urbanismo no IFBA que irão ajudar na realização da pesquisa proposta. Essas três disciplinas (duas de história e uma de informática) ajudarão como uma base para a pesquisa proposta, assim como a experiência do aluno com fotografia histórica que começa na adolescência e que se ampliou na universidade, principalmente na sua graduação em Artes Visuais. Além disso, por nascer, morar até os 19 anos e crescer no Centro Histórico de Barreiras, João Testi tem vivencias afetivas e conhecimentos históricos da cidade passados de geração em geração por sua família e por moradores mais antigos da região.
- Agosto, setembro e outubro de 2020:
- Fundamentação: organização e leituras dos materiais bibliográficos e dos materiais iconográficos existentes.
- Novembro e dezembro de 2020, janeiro e fevereiro de 2021:
- Pesquisa de campo: coleta de informações através de entrevistas e buscas em acervos estaduais e municipais, além das buscas já feitas online. Fotografar o atual centro histórico de Barreiras e região para a realização dos links e comparações, organização das fotografias por período e estudo de imagens. Se caso ainda estejamos em isolamento social, as entrevistas e buscas em acervos serão feitas remotamente e online.
- Março, abril, maio, junho de 2021:
- Desenvolvimento: escrita do projeto por meio de relatórios e pranchas com suas devidas argumentações.
- Julho de 2021:
- Revisão, formatação e entrega de projeto final.